Editorial


Resumo


A Revista LITTERARIUS, em seu primeiro número de 2010, contempla, entre outros artigos, dois na dimensão sacerdotal, não no sentido do ministério ordenado, mas o significado de sacerdócio no Antigo Testamento e o sacerdócio comum dos fiéis. Três artigos são da área da filosofia que trazem pesquisas relacionadas a Kant, Levinas e Hannah Arendt. E ainda, um artigo traz a experiência de ser pó vivenciada por alguém durante a quaresma.

Solange Dejeanne com o título ‘A QUESTÃO DA EXISTÊNCIA DE DEUS NA FILOSOFIA CRÍTICA KANTIANA’, faz uma abordagem da questão de Deus no pensamento kantiano desde uma perspectiva sistemática. Segundo a autora, não implica necessariamente, uma análise de todos os textos nos quais Kant se ocupa deste tema. Com efeito, a questão da existência de Deus é analisada aqui a partir somente da Crítica da razão pura. Ainda que a resposta da Filosofia Crítica seja negativa em relação à possibilidade de se conhecer a existência de Deus, Kant não dá a questão por concluída, já que “Deus” é o tipo de questão que, de acordo com o filósofo, se impõe naturalmente à razão humana. Portanto, o quadro mais geral da metafísica serve de pano de fundo para este ensaio acerca da questão de Deus.

Sob o título SACERDÓCIO ISRAELITA NO ANTIGO TESTAMENTO’, Pedro Kramer apresenta o sacerdócio israelita na literatura vétero-testamentária, destacando a etimologia sacerdote, assim como as atribuições que o sacerdote israelita recebeu no decorrer da história. O sacerdote para exercer bem suas funções, tinha que ser santo. O autor ressalta, que a compreensão de santidade e a convicção de que é preciso ser santo para poder aproximar-se de Deus no AT são diferentes de nossa concepção de santidade.Além do título sacerdote e sua etimologia, o estudo compreende as várias funções do sacerdote israelita e num terceiro momento, descreve o eixo integrador das várias atribuições do sacerdote israelita que é a sua santidade pessoal.

‘A EXPERIÊNCIA DE SER PÓ: SABIA-SE QUE ERA QUARESMA E QUE QUARESMA ERA!’ de Ênio José Rigo relata a experiência do próprio autor durante a quaresma de 2010, período de sua moléstia e provações. O autor confirma com o próprio testemunho as palavras litúrgicas da quarta-feira de cinzas: “Lembra-te que és pó e em pó te tornarás” (Jl 2,13; Gn 3,19b). O conteúdo apresenta uma reflexão a respeito da contradição com que se move a vida. De um lado a robusteza e a virilidade da pessoa em condições de plena saúde, esbanjando força e poder: vontades e desejos, beleza estética e hedônica. De outro, o mesmo sujeito, enfraquecido, vexado, vencido pela dor, sem aparência ou vaidade, disposto às mãos de outrem. Afinal, onde encontrar o sentido do viver e do morrer?

O ano sacerdotal (19/06/2009 a 11/06/2010), proclamado pelo Papa Bento XVI, contemplou unicamente o sacerdócio ministerial (ou ordenado). Entretanto, Mércio José Cauduro, com seu artigo ‘CRISTÃOS: POVO SACERDOTAL A SERVIÇO DO REINO’, ocupar-se do sacerdócio comum dos fieis, considerando que a revalorização do sacerdócio batismal foi uma conquista do Concílio Vaticano II (LG 10-11). Inicialmente, o autor indica  a caracterização nuclear do sacerdócio de Cristo, uma vez que toda a abordagem sobre o sacerdócio cristão encontra seu fundamento em Cristo; em seguida aborda o sacerdócio comum dos fiéis, objetivando evidenciar sua fundamentação bíblico-teológica.

Cristiano Cerezer, em sua pesquisa, apresenta a análise da concepção levinasiana da subjetividade como responsabilidade e sensibilidade pelas quais o indivíduo se singulariza afetiva e acusativamente, isto é, o Eu adquire sua unicidade ético-sensível. Assim, o artigo ‘A SINGULARIDADE DA SUBJETIVIDADE RESPONSÁVEL EM LÉVINAS: UNICIDADE E RENOVAÇÃO ÉTICA DO EU’, ainda que brevemente, propõe uma breve análise da temática da singularidade/individualidade em Emmanuel Lévinas (1995-1996), tendo como fio condutor sua teoria fenomenológica da “subjetividade responsável” ligada à “transcendência ética” do Outro e à “individuação ética” do Eu.

Quando a individualidade e a coletividade são eliminadas, com vistas ao interesse particular, entra em vigor uma proeminente arma de manipulação em massa: o totalitarismo. Tendo como pano de fundo a reflexão apresentada por Hannah Arendt em sua obra As Origens do Totalitarismo, o artigo ‘A ANULAÇÃO DO EU POLÍTICO E SUBJETIVO COMO CAUSA DA INSTAURAÇÃO DO TOTALITARISMO EM HANNAH ARENDT’, de Evandro José Machado, mostra como a anulação do eu político e subjetivo dá origem ao totalitarismo como sistema político de manipulação.

 

Agradecemos aos autores dos artigos da presente edição, a todos os colaboradores internos e externos da Faculdade Palotina, à Gráfica Pallotti de Santa Maria pela impressão. Desejamos uma proveitosa leitura a todos.

 

 

Sérgio Nicolau Engerroff

litterarius@fapas.edu.br


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